"... dou conta (...) que não podemos vencer esta batalha para salvar espécies e ambientes sem criarmos um laço afetivo com a natureza, pois não lutaremos por salvar aquilo que não amamos (mas só apreciamos de um modo abstrato)"

Stephen Jay Gould, 1993



Vespas asiáticas em Canelas

A vespa-asiática (Vespa velutina) é uma vespa proveniente do Sudeste Asiático. Tem uma área de distribuição natural que se estende desde o norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indonésia.
Vespa asiática (Vespa velutina). Imagem daqui.


Esta espécie chegou à Europa por via marítima, em 2004. As autoridades suspeitam que as vespas vieram num carregamento de bonsai (árvores miniatura) proveniente da China e descarregado em Bordéus (França). Em poucos anos espalhou-se a outros países europeus. O primeiro ninho foi avistado em Portugal em 2011, na região de Viana do Castelo.

Ninho de vespas-asiáticas. Imagem daqui.
Esta espécie exótica constitui uma preocupação séria para as  autoridades devido à sua ação predadora que põe em perigo as abelhas nativas da europa. É uma praga que pode dizimar um enxame de abelhas em poucos dias.

Elementos do Clube de Ciências observaram pela primeira vez um destes ninhos na Serra de Canelas (5/12/18). Foi  dado imediato conhecimento do facto às entidades competentes do ICNF. No entanto este tinha sido já identificado. Foi destruído durante as férias de Natal, em janeiro já lá não se encontrava.

Ninho de vespas-asiáticas observado na Serra de Canelas. A observação foi realizada a uma distância que garantiu a segurança de todos. Estas vespas quando se sentem ameaçadas podem ser bastante agressivas.
A observação do ninho das vespas-asiáticas realizada através de binóculos permitiu mantermos uma distância de segurança aconselhável mesmo apesar destas se encontrarem em fase de hibernação.


Nem só de aves vive o clube!

Embora as aves sejam o principal objeto de estudo sobretudo nos meses de inverno e de início da primavera, muitos outros temas nos prendem a atenção...

 As plantas, por exemplo, pelas suas cores, aromas, texturas, nunca são esquecidas. Muitas vezes são retiradas pequenas porções para serem posteriormente prensadas e secas dentro dos cadernos de campo.

Observação de uma pequena porção de azeda (Rumex sp.). 
Identificação de uma folha de loureiro (Laurus nobilis) pelo característico aroma.
Observação de flores de soagem (Echium sp.).
Urtiga (Urtica dioica). Podem-se observar os pelos urticantes sobretudo na página inferior das folhas.
Consequências do efeito urticante da urtiga nas mãos de uma participante do clube.
Colheita de uma pequena porção de cortiça de um dos vários sobreiros (Quercus suber) que se encontram na Trilha da Serra de Canelas.

Parar para registar...

Intervalando as saídas, os grupos tiveram sessões na Escola a fim de pesquisarem e aprofundarem os seus conhecimentos sobre as espécies entretanto observadas. As conclusões foram registadas nos cadernos de campo dos diversas elementos...


Os guias de campo foram essenciais no trabalho de pesquisa de informações sobre as diversas espécies.
A busca das informações relativas a cada espécie foi realizada por um participante de cada vez. As informações foram posteriormente partilhadas com os outros elementos da equipa. Este trabalho foi rodando por todos.

Pesquisa de uma espécie no índice através do seu nome vulgar.
Os nomes das espécies, os vulgares e os científicos, foram registados no quadro uma vez que nem sempre são fáceis de pronunciar e de escrever.

Registo do nome vulgar e do nome científico de uma espécie observada em 8/12/2018.
Às informações sobre cada espécie observada, os elementos do clube juntam uma imagem que recortam previamente e colam no caderno de campo. Desta forma vão construindo um pequeno guia de bolso pessoal.
Recorte de uma imagem para ser posteriormente colada no caderno de campo.
Fase de colagem da estampa recortada.
Registo das informações pesquisadas.
Registo das informações (II).

Uma das equipas em fase de atualização dos cadernos de campo.

As aves observadas durante os meses de inverno...


Durante os meses de outono e inverno, e mesmo nos inícios da primavera, quando muitos animais se encontram a hibernar (anfíbios, répteis e mesmo alguns mamíferos), as aves dominam a nossa atenção. Mesmo as plantas, cujas flores são essenciais no processo de identificação e rareiam nos meses de inverno, serão objeto de mais atenção nos próximos tempos...


Uma vez terminada a formação relativa à utilização dos binóculos, as equipas iniciaram as suas observações.
Esta atividade causa sempre um grande entusiasmo nos elementos do clube a partir do momento em começa a haver um domínio correto dos binóculos.

Durante este período de tempo foram já bastantes as espécies observadas e identificadas:

- Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo)
- Alvéola-branca (Motacilla alba)
- Bico-de lacre (Estrilda astrild)
- Carriça (Troglodytes troglodytes)
- Cartaxo-comum (Saxicola rubicola)
- Chapim-azul (Cyanistes caeruleus)
- Chapim-real (Parus major)
- Felosinha (Phylloscopus collybita)
- Fuinha-dos-juncos (Cisticola juncidis)
- Gaio (Garrulus glandarius)
- Gaivota-de-asa-escura (Larus fuscus)
- Gavião (Accipiter nisus)
- Melro-preto (Turdus merula)
- Pardal-comum (Passer domesticus)
- Pega-rabuda (Pica pica)
- Peneireiro-vulgar ( Falco tinnunculus)
- Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula)
- Pombo-torcaz (Columba palumbus)
- Rola-turca (Streptopelia decaocto)
- Serzino (Serinus serinus)

Progressivamente os participantes foram desenvolvendo as suas competências necessárias à observação de animais em estado selvagem: silêncio, concentração e muita paciência...