"... dou conta (...) que não podemos vencer esta batalha para salvar espécies e ambientes sem criarmos um laço afetivo com a natureza, pois não lutaremos por salvar aquilo que não amamos (mas só apreciamos de um modo abstrato)"

Stephen Jay Gould, 1993



Milhafre-preto

 Ao fim de tantos anos de trabalho do clube começa a ser difícil identificar novas espécies de aves na região da Trilha de Interpretação da Natureza da Serra de Canelas. No entanto, este ano fomos brindados com o aparecimento uma nunca antes vista: o milhafre-preto (Milvus migrans), provavelmente em passagem durante os seus movimentos migratórios. Observamos um exemplar no dia 22 de novembro.


O milhafre-preto é uma ave de rapina de tamanho médio, que se caracteriza pela plumagem castanha e pela sua cauda bifurcada. É uma espécie migradora, que está presente no território português desde a inícios de fevereiro a finais de novembro. O seu Inverno é passado em África, a sul do deserto do Saara. 

 
A observação de aves de rapina desperta sempre um especial fascínio entre os elementos do clube.

Partilha de informação entre os elementos do clube num momento de atualização dos cadernos de campo.

Consulta de um guia de campo para recolha de informações sobre a espécie.

Registo das informações no caderno de campo.

Bilhete de identidade:

Nome vulgar: Milhafre-preto.

Nome científico: Milvus migrans

Filo: cordados

Classe: aves

Habitat: campos, pastagens, junto a rios e lagos, junto a povoações e a estradas onde recolhe os restos de animais vítimas de atropelamento.

Comprimento: 55 cm.

Dimorfimo sexual: pouco evidente, machos em geral ligeiramente menores do que as fêmeas.

Alimentação: Pequenos mamíferos e anfíbios, peixes, animais mortos, restos de alimentos que procura em lixeiras (espécie oportunista).

Tipo de ocorrência: raro.

Saídas de campo nos meses de inverno...

 Durante os meses de outono e inverno, e mesmo nos inícios da primavera, quando muitos animais se encontram a hibernar e há muito poucas flores nos campos, as aves dominam a nossa atenção. Outros grupos de animais e as plantas, cujas flores são essenciais no processo de identificação, serão objeto de mais atenção nos próximos tempos...

Nos meses de inverno a nossa atenção centrou-se principalmente no estudo das aves.

A localização das aves deve ser sempre realizada sem a intervenção dos binóculos. A sua utilização posterior permite uma observação mais cuidada que é fundamental na identificação das espécies. Somente através dos binóculos conseguimos aperceber-nos de toda a beleza e singularidade destes animais. 

A observação de aves desperta sempre enorme interesse nos elementos do clube!

Durante este período foram observadas e identificadas as seguintes espécies:

- Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo)

- Alvéola-branca (Motacilla alba)

- Bico-de lacre (Estrilda astrild)

- Cartaxo-comum (Saxicola rubicola)

- Chapim-carvoeiro (Periparus ater)

- Chapim-rabilongo (Aegithalos caudatus)

- Chapim-real (Parus major)

- Felosinha (Phylloscopus collybita)

- Fuinha-dos-juncos (Cisticola juncidis)

- Gaio (Garrulus glandarius)

- Gaivota-de-asa-escura (Larus fuscus)

- Melro-preto (Turdus merula)

- Milhafre-preto (Milvus migrans)

- Pardal-comum (Passer domesticus)

- Pega-rabuda (Pica pica)

- Peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus)

- Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula)

- Pombo-torcaz (Columba palumbus)

- Rola-turca (Streptopelia decaocto)

- Serzino (Serinus serinus)

Primeiras sessões...

 As primeiras sessões realizaram-se na escola, no início, e depois no campo. O encontro na escola serviu para explicar aos elementos das várias equipas alguns aspetos importantes sobre o clube como por exemplo metodologias de trabalho utilizadas, apresentação dos guias de campo e dos cadernos de campo. Uma vez concluída esta introdução ao clube partimos para o campo para iniciar a aprendizagem da utilização dos binóculos. Esta fase decorreu no recreio da escola, para duas das equipas, porque o tempo esteve muito instável no mês de novembro.

Uma das oculares dos binóculos é móvel. Ao rodá-la, conseguimos compensar algum diferencial de visão que possa existir entre os dois olhos. Antes de iniciarmos as observações devemos sempre acertar esta compensação de acordo com as nossas características. 

O parafuso superior permite focar a imagem (torná-la nítida). Os nossos dedos devem estar constantemente ocupados em rodar este parafuso de forma a conseguirmos realizar boas observações. 


Depois de observarem objetos estáticos a diferentes distâncias, os elementos do clube iniciaram o treino de observação de aves, alvos móveis e de pequena dimensão que exigem alguma destreza e concentração.

O tempo instável do mês de novembro não possibilitou a ida de duas das equipas para o campo, durante esta fase de aprendizagem da utilização de binóculos.

Algumas alvéolas-brancas (Motacilla alba) que procuravam alimento no recinto escolar exterior acabaram por ajudar nesta fase de aprendizagem.

Edição de 2023/24

Mais um ano, novas oportunidades para um conjunto de jovens exploradores experimentarem a sensação de construir conhecimentos sobre a natureza enquanto a vivem por dentro. O clube de ciências é um mundo de aventuras!



Dos trinta e seis candidatos ao clube, vinte e um foram selecionados mediante a apresentação de um trabalho. Eis um exemplo:
Exemplo de trabalho selecionado.

Os alunos selecionados, pertencentes a cinco turmas, foram divididos, como vem sendo habitual, em três equipas de sete elementos. As sessões do clube envolvem somente com uma equipa de cada vez. As equipas vão alternando ao longo do ano.