Durante uma das sessões de pesquisa de animais aquáticos, enquanto nos dirigíamos através de um prado húmido para uma zona em que se formaram alguns charcos temporários, tivemos a sorte de encontrar uma cobra-de-água-de-colar (
Natrix natrix). Como é fácil de imaginar a excitação no grupo foi enorme, afinal era a primeira vez que os participantes puderam observar de perto uma cobra, animal com tão má fama e que desperta tantos medos entre a generalidade das pessoas.
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Cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix). Exemplar observado durante a saída de campo. |
A cobra-de-água-de-colar é uma espécie inofensiva para o Homem. Tal como a maioria das espécies de serpentes que surgem em Portugal, esta espécie é
aglifa (não
possui dentes inoculadores de veneno). As espécies
opistoglifas, cobra-rateira (
Malpolon monspessulanus) e cobra-de-capuz (
Macroprotodun cucullatus) têm dentes inoculadores de veneno situados na região posterior do maxilar superior - no fundo da boca -, tornando muito pouco provável uma mordedura venenosa. Não apresentam perigosidade para o Homem. Somente a Víbora-cornuda (
Vipera latastei) e a víbora-de-Seone (
Vipera seoanei) são espécies potencialmente perigosas. Tratam-se de espécies
solenoglifas (espécies que apresentam colmilhos, dentes inoculadores muito especializados situados na região anterior do maxilar superior).
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Aparelhos inoculadores das serpentes. |
A cobra-de-água-de-colar é uma espécie que desenvolve a sua atividade tanto em meio aquático como em meio terrestre. É ágil, veloz e excelente nadadora. Deve o seu nome a um anel de cor branca ou amarela, a seguir à cabeça, que aparece na fase juvenil e depois vai-se esbatendo até desaparecer completamente. No exemplar que observámos este anel já era pouco visível.
Embora não venenosa e pouco agressiva, os elementos da equipa não lhe pegaram. Limitaram a tocar o seu corpo, fazendo-lhe carícias. Puderam observar atentamente as suas características, nomeadamente as escamas, os olhos - com pupila redonda -, e a língua bífida que nas cobras é um órgão olfativo.
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Experiência única de tocar uma cobra, um animal tão mal afamado. |
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Observação das escamas epidérmicas. |
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Ninguém ficou de fora, todos quiseram experimentar a sensação de acariciar o animal. |
No final, lá deixámos a nossa amiga ir à vida dela. Com certeza apanhou um susto maior que o dos jovens investigadores!
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No final, a cobra-de-água-de-colar foi devolvida ao seu meio. |
Bilhete de identidade da cobra-de-água-de-colar:
Nome científico:
Natrix natrix;
Filo: cordados;
Classe: répteis;
Comprimento: 100 - 120 cm (pode chegar aos 200 cm);
Habitat: bosques, prados e zonas agrícolas junto a cursos de água, charcos ou lagoas;
Dimorfismo sexual: pouco evidente, as fêmeas atingem um maior comprimento;
Alimentação: invertebrados, anfíbios e peixes. Ocasionalmente pode também alimentar-se de pequenos mamíferos e répteis;
Distribuição: Europa, norte de África e Ásia ocidental.