"... dou conta (...) que não podemos vencer esta batalha para salvar espécies e ambientes sem criarmos um laço afetivo com a natureza, pois não lutaremos por salvar aquilo que não amamos (mas só apreciamos de um modo abstrato)"

Stephen Jay Gould, 1993



Observando aves

De todos os organismos estudados pelos elementos do clube aqueles que reúnem mais preferências são as aves. Depois de se dominar a técnica da utilização dos binóculos, observar aves é verdadeiramente fascinante.
Observação e identificação de aves.


Muitas das espécies observadas foram já identificadas em anos anteriores e fazem parte da lista de aves divulgadas no site do clube: melros, cartaxos-comuns, piscos-de-peito ruivo, bicos-de-lacre, serzinos, gaios e outros. Todavia, para os participantes deste ano tudo é novidade e por isso todas elas são registadas nos seus cadernos de campo. À medida que o ano passa, estes vão tomando forma e vão-se tornando em pequenos livros pessoais, ilustrados, e cheios de informação e de memórias.

Atualização dos cadernos de campo a partir das observações realizadas no campo.

Elementos da segunda equipa fazendo registos nos seus cadernos de campo.
Consulta de um guia de campo para pesquisa de informações (elementos da equipa três).

O nosso trabalho de pesquisa no campo leva-nos, por vezes, a encontrar elementos naturais que, para os jovens naturalistas, são pequenos tesouros para serem guardados...
Pena de águia-de-asa-redonda encontrada numa das saídas mais recentes.

De novo texugos...

Depois de termos descoberto que as tocas de texugo (ver aqui) tinham sido destruídas no ano anterior, devido à construção de um enorme jardim privado, voltámos a encontrar novas tocas com sinais de estarem atualmente ocupadas: pegadas frequentes, terra remexida e ausência de teias de aranha a cobrir as entradas.

Toca de texugo encontrada em local próximo das antigas tocas.
Conseguimos contar quatro entradas. É possível que haja mais, mas é muito difícil pesquisar por causa da densa vegetação da região envolvente. Parece que os nossos amigos não desistiram de viver nesta região!

Os texugos são animais sociais. Vivem em conjuntos familiares e partilham as mesmas tocas. Ora vejam como os filhotes são tão giros...

 

Pombo-torcaz

O pombo-torcaz (Columba palumbus) é um pombo selvagem. Está presente em Portugal durante todo o ano, mas é consideravelmente mais numeroso durante a estação fria devido à chegada de numerosos indivíduos que migram para o nosso país durante o inverno oriundos de diversos países europeus. Na região da Serra de Canelas um bando de cerca de 30 aves permaneceu por lá de novembro até meados de fevereiro. Tivemos várias oportunidades de ver estas esplêndidas aves que são os maiores pombos que habitam a europa.





Observação de um bando de pombos-torcazes pousados num fio elétrico.


Acompanhamento de pombos-torcazes em voo..


Registo das observações no caderno de campo.




Bilhete de identidade do pombo-torcaz:


Nome científico: Columba palumbus

Filo: cordados

Classe: aves

Comprimento: 39 - 43 cm

Habitat: florestas e bosques, campos e sebes.

Dimorfismo sexual: não existe.

Alimentação: sementes (regime alimentar granívoro).

Tipo de ocorrência: visitante de inverno.

Lagartos e companhia...

Com a primavera apareceram numerosas lagartixas que se passeiam em tudo o que é muro ou talude em busca de calor e de algum pequeno animal que lhes sirva de refeição. Mantiveram-se em hibernação durante o inverno abrigadas por baixo de rochas ou nalgum pequeno buraco na terra ou fenda de um muro. Ao contrário de nós, estes são animais cuja temperatura corporal varia em função do calor ou do frio que se faz sentir. São por isso conhecidos por animais de sangue frio.

Manipulação de uma lagartixa (Podarcis sp.) capturada no local. Observação cuidadosa de aspetos da sua biologia como revestimento (pele com escamas epidérmicas), localização dos ouvidos e implantação lateral das patas no corpo.

Pormenor da lagartixa capturada.


Parentes próximos das lagartixas, os lagartos-de-água (Lacerta schreiberi) causaram muito maior impacto juntos dos elementos do clube devido ao tamanho e às suas cores.

Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi) fotografado junto a ponte sobre a ribeira de canelas. 
Trabalho de identificação de um lagarto-de-água (Lacerta schreiberi) realizado pelos elementos do clube (I).

Trabalho de identificação de um lagarto-de-água (Lacerta schreiberi) realizado pelos elementos do clube (II).

Manipulação de um lagarto-de-água (I).
Manipulação de um lagarto-de-água (II).

Manipulação de um lagarto-de-água (I).


A partir do trabalho realizado em equipa os elementos do clube ficaram a saber que esta é uma espécie endémica (encontra-se apenas numa pequena região do planeta) e por essa razão é protegida.

O lagarto-de-água encontra-se apenas numa pequena região da Península Ibérica e em nenhuma outra região do planeta. Merece, por essa razão, um especial cuidado em termos de conservação. É bom sabermos que temos uma espécie tão valiosa à porta da escola!


Todos estes animais apresentam um curioso mecanismo de defesa chamado de autotomia. Esta  consiste em largarem a cauda quando é agarrada por um qualquer predador. Desta forma conseguem afastar-se para lugar seguro enquanto o predador fica entretido com a cauda que ainda continua a mexer por um bom período de tempo. A cauda, com o tempo, volta a crescer.
Fases de crescimento da cauda de um lagarto.




Bilhete de identidade do lagarto-de-água:

Nome científico: Lacerta schereiberi;

Filo: cordados

Classe: répteis

Comprimento: cerca de 30 cm;

 Habitat: zonas relativamente húmidas, próximas de rios e ribeiros;

Dimorfismo sexual: os machos são menores mas mais robustos do que as fêmeas e apresentam cor azul intensa na cabeça. As fêmeas também podem apresentar cor azul mas menos intensa e geralmente só na garganta;

Alimentação: pequenos invertebrados, principalmente insectos;

Distribuição: Região noroeste da Península Ibérica.


Insetos e plantas

Após um longo e chuvoso inverno chegou finalmente o tempo de primavera. Os campos encheram-se de repente de flores e de uma variedade enorme de insetos e outros pequenos habitantes. O Clube de Ciências da Natureza foi investigar...

Miosótis (Miosotis sp.). Encontrámos estas belas flores junto a linhas de água em zonas sombrias.
Trevo-vermelho (Trifolium pratense).
Lírio-dos-charcos (Iris pseudacorus).

Escaravelhos ( Oxythyrea sp.) alimentando-se de pólen numa flor de jarro.

O estudo dos insetos foi realizado através de guias-de-campo. Nem todos os animais foram identificados até à espécie dada a variedade enorme e a dificuldade que este trabalho comporta.
Identificação da borboleta-da-couve (Pieris brassicae).

Algumas das espécies despertaram um interesse especial, por exemplo o ralo, inseto de aspeto estranho cujas patas dianteiras estão adaptadas à escavação. Estes insetos, juntamente com os grilos e outros enchem de sons as noites quentes do ano. Queres ouvir? então clica aqui.

Ralo (Gryllotalpa Gryllotalpa).

 As populares joaninhas não podiam cá faltar...
Joaninha (Coccienella sp.)

Tivemos ainda a oportunidade de observar uma aranha-das-flores a comer uma mosca. Estas aranhas escolhem flores da sua cor e ficam imobilizadas à espera que um inseto lá pouse para o apanhar. Não usam teia para capturar as suas presas.
Aranha-das flores.

Garça-real

Todos os anos aumentamos a nossa lista de espécies de aves que observamos na região da Trilha da Serra de Canelas. Hoje vamos falar da garça-real. Foi num fim de tarde nublado de novembro que avistamos bem de perto um belo exemplar que se encontrava pousado junto à ribeira de canelas, possivelmente repousando de uma viagem entre regiões húmidas daqui do norte de Portugal.


Garça-real (Ardea cinerea) fotografada na Foz de Douro.


O encontro com uma ave desconhecida, de grandes dimensões, causou grande impacto nos jovens investigadores.
Pudemos acompanhá-la por alguns momentos enquanto levantava voo assustada com a nossa presença.

Recorte da imagem de uma garça-real para ser colada no caderno de campo.

Pesquisa de informações sobre a espécie.

Registo das informações pesquisadas no caderno de campo.




Este vídeo dá-te a oportunidade de observares uma garça-real no seu habitat natural...




Bilhete de identidade da garça-real:


Nome científico: Ardea cinerea

Filo: cordados

Classe: aves

Comprimento: 90 - 100 cm

Habitat: margens de água doce e zonas pantanosas.

Dimorfismo sexual: não existe.

Alimentação: principalmente peixes e anfíbios (regime alimentar piscívoro).

Tipo de ocorrência: visitante acidental.

Trabalhando com plantas...

Os animais são a paixão dos participantes do clube. São eles que despertam sempre maior interesse. No entanto, as plantas são também alvo da nossa atenção. Às vezes elas são identificadas até à família, ao género ou à espécie, no próprio local em que as encontramos. Porém, o mais comum é recolhermos elementos, flores e folhas, que depois secamos e colamos nos cadernos de campo. A sua identificação é realizada nesta fase posterior.

Coleção de folhas de diferentes espécies recolhidas para posterior secagem: austália (Acacia melanoxylon), louro (Laurus nobilis) e chapéu-dos-telhados (Umbilicus rupestris). É curioso verificar-se que as folhas da austrália estão em fase de desenvolvimento dos filódios (ramos achatados que substituem as folhas na fase adulta da espécie).

Recolha de folhas de polipódio, feto do género Polypodium, com soros na página inferior.

Fase de colagem dos elementos vegetais previamente secos num caderno de campo: folhas de funcho (Foeniculum vulgare) e flores de fumária (Fumaria sp.) e urtiga-mansa (Lamium sp.).